as mãos contra as mãos e um
pedaço de ferro dentro da boca
e a roupa que não serve e as
árvores e o caminho de terra
onde as cabras e os corvos
o meu pai
assanhado como um animal
como uma cabra como um
corvo e a garganta do meu
pai como roupa que não serve
num espaço de mitologias
que mais parecem gramáticas
se se vir bem a sintaxe musical
da mitologia,
entenda-se,
amanhã quando a cabeça do
meu pai couber nos bolsos e
dos campos colherem couves
de pus e de linfa e os
corvos apanharem os
meus olhos nos bicos para
que as futuras gerações não
morram. não me desagrada que
o meu suor nas mãos contra
as mãos
contrariando as mãos.
Posted at 02:22 am by pedro tiago