as pernas ardem um pouco mais abaixo dos joelhos conforme os teus lábios férteis sussurram ar contra o tórax destruído. como um tecto que ruiu, podem-se ver e tocar pequenos corpos estelares atrás dos ossos, furúnculos, animais estrangeiros com unhas luminosas, a dançar ao redor da árvore central do corpo, a fazer fogueiras rente à coluna vertebral. os lábios no teu rosto pela primeira vez em alguém apenas uma ferida feminina, com cheiro de estames violeta, de nuvens enroladas em vento azulado. tão teus, os lábios, entreabertos, com o cheiro, o vazio do cheiro, e as minhas pernas ardem, o meu fígado, os meus dentes, as coisas mortas de mim, cabelos, unhas, isso que está morto mas sobrevive quando morremos e cresce um pouco, ainda. as tuas pernas ardem um pouco ainda em torno da minha cabeça e apertam-me e sufocam-me e quando me lembro do teu nome não penso em princesas, penso em serpentes com penugem que esmagam, que constringem antes de destruirem as presas por afogamento. as tuas pernas são anacondas que ardem num amor que não acaba, mas os teus lábios entreabertos não cheiram a nada remotamente ofídio. |
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